1961 26 de abril
As ambiguidades de Jânio Quadros
Conservador na economia, presidente adota política externa progressista
Tão logo assume a Presidência, Jânio Quadros, com a ajuda do ministro das Relações Exteriores, Afonso Arinos de Melo Franco, inaugura a política externa independente (PEI).
Na contramão do conservadorismo de seu governo em questões de economia e de costumes, a política externa de Jânio expressava o desejo de autonomia brasileira no cenário internacional, a necessidade de diversificação de parcerias e a ênfase na ideia de desenvolvimento. Seu sucessor, João Goulart, manteria essa política.
No cenário conturbado que se criou na América Latina depois da Revolução Cubana, a ação de Jânio foi corajosa. O Brasil criticou a decisão do presidente dos Estados Unidos, John Kennedy, de organizar uma invasão à ilha. Posteriormente, condecoraria Che Guevara, então ministro da Economia de Cuba, com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta comenda brasileira atribuída a personalidades estrangeiras.
Durante o governo de Jânio Quadros, o Brasil buscaria se distanciar do alinhamento automático à política externa norte-americana. Restabeleceu relações diplomáticas com a Hungria e a Romênia e aproximou-se da Bulgária e da Albânia, então sob influência soviética.
Jânio também avançaria na política externa africanista, abrindo embaixadas no Senegal, no Daomé (futuro Benim) e na Etiópia. Nessa mesma época, nomearia o primeiro embaixador negro da história da diplomacia brasileira, Raimundo de Souza Dantas.