1963 29 de novembro
Brizola articula os 'Grupos dos Onze'
Objetivo é resistir à onda conservadora e defender o governo contra o golpismo
O ex-governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola usa seu programa semanal na Rádio Mayrink Veiga para preparar a resistência à ofensiva conservadora. Segundo ele, o Brasil caminha para o “grande desfecho” — a batalha final entre os dois polos ideológicos cada vez mais radicalizados, a direita e a esquerda —, e por isso conclama os ouvintes de qualquer canto do país a formar um Comando Nacionalista, ou “Grupo dos Onze Companheiros”, para defender o presidente João Goulart e as Reformas de Base.
Entre novembro de 1963 e março de 1964, pelo volume da correspondência recebida diariamente na rádio, teriam surgido no país por volta de 24 mil grupos, que e trocavam informações por meio dos programas radiofônicos e do jornal "Panfleto".
Os “Grupos dos Onze”, como ficaram popularmente conhecidos, não possuíam armas. Seu propósito era mobilizar a população para defender o governo e sustentar um programa nacionalista que, entre outros pontos, pregava a nacionalização de empresas estrangeiras em setores estratégicos, o controle da remessa de lucros para o exterior, as Reformas de Base e, em particular, a reforma agrária.
O número 11 era um apelo simples e direto que aproximava da população o movimento: era o número de jogadores de um time de futebol, no momento em que o Brasil acabava de se tornar bicampeão mundial. A ideia, com forte potencial de mobilização, vinha de Brizola, a principal liderança da esquerda naquele momento e que se convertera no inimigo número 1 da direita civil e militar que conspirava contra João Goulart.
Os “Grupos dos Onze” demonstrariam baixa capacidade de reação no momento do golpe militar de 1964 — até porque Jango optaria por não convocá-los às ruas, para evitar derramamento de sangue —, mas se constituiriam numa experiência inédita de politização e organização popular no conturbado cenário político que marcou os meses finais do governo João Goulart.