1932 25 de janeiro

Paulistas em comício exigem Constituinte

Partidos, empresas e associações se unem contra o Governo Provisório

“Paulistas! Filhos infelizes de uma terra conquistada!”. A fala de Romeu Lourenção, orador da Liga Pró-Constituinte, dá o tom da manifestação que reúne milhares de homens, mulheres, jovens e adultos na praça da Sé e nas ruas vizinhas, aos gritos de “Abaixo a ditadura!”, “São Paulo é dos paulistas!”, “São Paulo separado!” e “Viva a República de São Paulo!”.

Numa prova de que a insatisfação unia setores muito diferentes da sociedade paulista, convites para o comício foram publicados dias antes, nos principais jornais do estado, assinados por 48 entidades tão diversas como o Instituto Histórico e Geográfico, a Ordem dos Advogados, o Centro Acadêmico 11 de Agosto, o Grêmio Politécnico, a Associação dos Empregados do Comércio, a Associação dos Bancários, a Associação das Indústrias Metalúrgicas, o Sindicato Patronal das Indústrias Têxteis, a Sociedade Rural Brasileira, a Liga Paulista Pró-Constituinte e os jornais “O Estado de S. Paulo”, “Diario Popular” e “Diario Nacional”, entre outros.

No dia 16 de fevereiro, o PRP (Partido Republicano Paulista) e o PD (Partido Democrático), antes adversários, se uniram na Frente Única Paulista. Segundo seus representantes, nenhum deles abriu mão de seus princípios, mas se encontravam na mesma trincheira contra o governo federal e a intervenção no estado.

Suas posições foram explicitadas no manifesto do lançamento da Frente: “Por um lado, é a ameaça da procrastinação indefinida da ditadura e, acima disso, a ameaça ainda mais grave do predomínio no código fundamental do país de ideias, não só visceralmente incompatíveis com as tradições democráticas, consciência e cultura da Nação, senão também atentatórias à segurança, aos direitos e ao progresso econômico de São Paulo. Por outro, são as dores desta soberba Unidade da Federação, usurpada na faculdade inauferível de se governar, talada na opulência de suas riquezas, destroçada na organização de seus serviços públicos”.

Encabeçadas pela Associação Comercial, as grandes entidades empresariais do estado apoiaram a Frente Única Paulista. Organizações de trabalhadores também se fizeram presentes: 22 associações profissionais assinaram uma declaração de apoio irrestrito à “união sagrada de todos os paulistas” e convocaram a todos para um novo comício da Liga Paulista Pró-Constituinte, marcado para o dia 24 de fevereiro, na praça da Sé.