1937 5 de julho

A Universidade do Brasil é fundada

Instituição do governo pretende definir padrão de ensino superior

Numa cerimônia no Palácio do Catete, com a presença dos ministros Gustavo Capanema, Macedo Soares e Odilon Braga e do chefe de polícia do Distrito Federal, Filinto Müller, Getúlio Vargas sanciona o decreto criando a Universidade do Brasil.  Em nome do Conselho Universitário, o reitor da nova universidade, Leitão da Cunha, concede o título de doutor honoris causa ao presidente da República, pelos “relevantes serviços prestados à educação brasileira”.

A Universidade destinava-se aos jovens da elite, que se submeteriam a rigoroso processo de seleção para ingressar na instituição. Para o ministro Capanema, da Educação, “a elite que precisamos formar, ao invés de se constituir por essas expressões isoladas da cultura brasileira, índices fragmentários da nossa precária civilização, será o corpo técnico, o bloco formado por especialistas em todos os ramos da atividade humana, com capacidade bastante para assumir, em massa, cada um no seu setor, a direção da vida do Brasil: nos campos, nas escolas, nos laboratórios, nos gabinetes de física e química, nos museus, nas fábricas, nas oficinas, nos estaleiros, no comércio, na indústria, nas universidades, nos múltiplos aspectos da atividade individual, nas letras e nas artes, como nos postos de governo. Elite ativa, eficiente, capaz de organizar, mobilizar, movimentar e comandar a nação”.

Ainda segundo o ministro, a Universidade do Brasil seria “uma instituição total e unânime”, pois em suas escolas e faculdades “devem ser ministradas todas as modalidades de ensino superior previstas pela lei, de tal sorte que nenhum estabelecimento, isolado ou congregado em universidade, deixe de ter nela seu correspondente”.

A Universidade do Brasil fixaria um padrão único de ensino superior para todo o país, baseado na existência de uma cidade universitária cujo núcleo de integração seria uma faculdade de filosofia, ciências e letras. No caso da Universidade do Brasil, essa faculdade se formaria pela união de 15 escolas ou faculdades, novas ou não, e 16 institutos, além do Museu Nacional.

A existência dessa nova instituição pressupunha a extinção de outros modelos, como a do Distrito Federal, criada por Anísio Teixeira, cujo modelo democrático e popular entrava em colisão com o projeto governamental, de cunho autoritário e elitista.

As obras da nova universidade, no entanto, ainda demorariam a sair do papel. Em 1948, a reitoria da instituição passaria a ocupar um prédio construído originalmente para abrigar um hospício, ainda no tempo do império.