Bronca Social Punk
No Brasil, o movimento punk teve início no final da década de 1970, quando jovens da Vila Madalena, em São Paulo, passaram a reunir-se em pequenas bandas, influenciados tanto pela simplicidade sonora da banda nova-iorquina The Ramones, quanto pela energia anarquizante do conjunto londrino Sex Pistols. Não buscavam, entretanto, a mera imitação. Desde o início, a proposta desses jovens da periferia era adequar o som estrangeiro do punk rock à sua própria realidade.
Bronca Social / Punk A Pegada
Em novembro de 1982 aconteceu no Sesc Pompéia, em São Paulo, o primeiro grande festival brasileiro de punk rock, “O Começo do Fim do Mundo”, reunindo bandas da capital paulista e do ABC, tais como Cólera, Inocentes, Olho Seco, Psykóse, Fogo Cruzado e Ratos de Porão. Os eventos aconteciam principalmente em dois lugares: o Templo do Rock e o Construção.
O punk caracteriza-se por uma estética própria. Busca o avesso dos ideais do “bom” e do “belo”, podendo ser considerada uma antiarte e uma manifestação contracultural. Isso se manifesta ostensivamente no visual de seus integrantes, fazendo do corpo um meio de expressão da revolta: cabelos curtos – espetados ou com a aparência dos guerreiros moicanos –, jaquetas surradas e rabiscadas, pulseiras e cintos de rebite, jeans sujos e rasgados, tênis ou coturnos velhos e gastos. Eventuais piercings e tatuagens também compõem um visual calculadamente chocante, que faz questão de se contrapor aos padrões harmoniosos que esconderiam a injustiça.
Bronca Social / Punk O Som
Com som agressivo, letras diretas e musicalidade simples, o punk rock está impregnado pela opressão e pela violência presentes no cotidiano das periferias das grandes cidades. Os gritos dos versos que denunciam injustiças são embalados pelo ritmo pulsante do hard core, pela rapidez e força com que se relacionam com a distorção da guitarra, a marcação do baixo e a batida da bateria. A música punk não pretende ser harmônica, regular, agradável. Sua brutalidade tenta ser um revide ao descaso, à violência e à exclusão.
As letras falam reiteradamente da revolta que brota do cotidiano das periferias, da “bronca” de uma juventude que não se conforma com as condições em que é obrigada a viver.