2003 26 de novembro
Roraima: PF prende 50 do 'caso Gafanhoto'
Ex-governador é acusado de chefiar quadrilha que desviou mais de R$ 230 mi
Com a participação de mais de 200 policiais federais, a Operação Praga do Egito prende cerca de 50 pessoas acusadas de envolvimento num esquema de corrupção que desviou mais de R$ 230 milhões dos cofres públicos de Roraima. O ex-governador Neudo Campos, do Partido Progressista (PP), é apontado como chefe da organização criminosa, que envolvia parentes e membros de gabinetes de 18 dos 24 deputados estaduais, ex-parlamentares, funcionários do Tribunal de Contas do Estado e até o diretor da Polícia Civil de Boa Vista.
Segundo a PF, os membros do esquema simulavam a contratação de servidores fantasmas, cujo número chegou perto dos 6 mil, o equivalente a 2% da população roraimense. Apelidados de “gafanhotos”, porque “comiam” a folha salarial do estado, os fantasmas eram pessoas simples — muitas delas analfabetas ou mesmo índios reclusos em aldeias —, convencidas a emprestar seu nome e a assinar contratos de trabalho e procurações para que testas de ferro de políticos pudessem sacar seus vencimentos.
O então governador de Roraima era Flamarion Portela, eleito em 2002 pelo PSL mas filiado ao PT logo em seguida. Antes, ele fora vice-governador na gestão Neudo Campos desde 1999. Em abril de 2002, com a renúncia de Neudo para concorrer ao Senado, Flamarion assumira o restante do mandato, até o fim do ano.
Apesar das suspeitas de envolvimento no esquema dos “gafanhotos” (que levaram o PT a expulsá-lo em 2003), Flamarion teria seu mandato cassado somente em agosto de 2004, e por outro crime: abuso de poder nas eleições de 2002 — entre as acusações, pesava a de haver distribuído vales-alimentação e de perdoado dívidas fiscais de eleitores.