2004 20 de novembro
Morre o economista Celso Furtado
Autor de 'Formação Econômica do Brasil' deixa legado de reflexão e luta política
Morre no Rio de Janeiro, em decorrência de ataque cardíaco, o economista Celso Monteiro Furtado, um dos mais importantes pensadores brasileiros, que deixa um legado de reflexão intelectual aliada à atuação política.
Nascido em 1920 na Paraíba, Furtado é autor do clássico “Formação Econômica do Brasil” (1958), uma das obras de referência do pensamento econômico brasileiro. Foi também o fundador, durante o governo Kubitschek, da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), o primeiro grande órgão governamental de desenvolvimento regional.
Em sua obra, composta por dezenas de publicações, Furtado se opõe à ideia de que o subdesenvolvimento seja uma etapa para o desenvolvimento, como sugerem os termos “país emergente” e “país em desenvolvimento”. Para ele, que enfatiza o papel do Estado na economia, o subdesenvolvimento é uma forma de organização social do sistema capitalista.
Essa combinação de pensamento econômico com história é uma das mais importantes contribuições de Celso Furtado.
No âmbito político, após sua atuação na Sudene, Celso Furtado foi nomeado titular do novo Ministério do Planejamento no governo João Goulart. No cargo, idealizou o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, com regras e instrumentos rígidos para o controle do déficit público e da inflação.
Após o golpe militar de 1964, Celso Furtado foi incluído na lista de cassados pelo Ato Institucional nº 1, perdendo seus direitos políticos por dez anos. Exilou-se então nos Estados Unidos e na França, onde se dedicou à vida acadêmica.
Em 1981, filiou-se ao PMDB e, no governo Sarney, foi embaixador do Brasil na União Europeia e ministro da Cultura.
Nas décadas de 1990 e 2000, dedicou-se a escrever sobre a globalização e o neoliberalismo, além de participar de debates e construções políticas com movimentos sociais e partidos de esquerda. Em 2003, foi indicado ao Prêmio Nobel de Economia.