1959 25 de maio

Ibad custeia eleição da direita no Brasil

Órgão ligado à CIA elege grande bancada e investe em propaganda golpista

É fundado, no Rio de Janeiro, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad), organização conservadora e anticomunista vinculada à Agência Central de Informações (CIA) norte-americana.

Essa entidade atuaria nas áreas rural e parlamentar, no movimento estudantil, nos sindicatos e na ala conservadora da Igreja, como instituições católicas de extrema-direita. Também manteria estreitas relações com organizações paramilitares — a exemplo do Movimento Anticomunista (MAC) e da Cruzada Libertadora Militar Democrática (CLMD).

A partir da posse de João Goulart na Presidência da República, em 1961, o Ibad intensificaria suas ações com o objetivo de estimular, na sociedade brasileira, um amplo processo de mobilização anticomunista e de oposição ao governo e suas reformas. Em 1962, o instituto criaria dois braços de atuação: a Promotion SA e a Ação Democrática Popular (Adep).

A Promotion foi uma agência de publicidade encarregada de disseminar, com recursos norte-americanos, propaganda anticomunista e anti-Jango na imprensa falada e escrita e também dentro dos quartéis — só em 1964 teriam sido gastos US$ 2 milhões em propaganda nas rádios, jornais e unidades móveis de exibição de filmes. Em 1963 teria havido mais de 1.700 exibições de filmes, somente no Rio de Janeiro, para cerca de 179 mil militares, em quartéis, escolas e navios.

Já a Adep atuaria pesadamente nas eleições de 1962, despejando dinheiro nas campanhas de 250 candidatos a deputado federal e 600 a estadual, além de oito candidatos a governador. Os recursos provinham da CIA, de multinacionais (ou empresas associadas ao capital estrangeiro) e de fontes governamentais dos Estados Unidos.

Em troca, o Ibad exigia, dos parlamentares federais eleitos, a adesão à Adep, criada no Congresso para inviabilizar as reformas de base, imobilizar o governo de João Goulart e fazer da paralisia institucional um pretexto para o golpe militar.

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso confirmaria o financiamento ilegal de campanhas pelo Ibad. Tanto o instituto quanto a Adep seriam fechados por crime de corrupção, por decreto de João Goulart, em 31 de agosto de 1963.