1956 23 de outubro

Hungria rechaça domínio soviético

Protestos por liberdades são reprimidos e dão início a uma revolução; URSS reage

Hungria se insurge contra a União Soviética. Pela primeira vez, um país do Leste Europeu se levanta em massa e tenta instaurar uma república fundada em valores democráticos: direito de se movimentar sem ser detido arbitrariamente; liberdade de expressão; direito de reunião, associação e manifestação. É a Revolução Húngara.

O movimento foi uma reação às pressões da dominação da União Soviética — que ocupava militarmente o país e controlava toda a vida da sociedade — e buscou aproveitar as fissuras abertas no Krêmlin pelo 20º Congresso do Partido Comunista que, em fevereiro, denunciara os crimes de Stálin.

Em junho, depois da denúncia, outros países se manifestaram: houve protestos em Berlim Oriental e na Polônia, que foram violentamente reprimidos.

A Revolução Húngara, inspirada nas formulações de intelectuais que pregavam a construção de um socialismo humanista, democrático e nacional, iria além dos protestos.

O estopim foi a selvagem repressão às manifestações estudantis de 23 de outubro em Budapeste, que deixou um grande número de mortos e feridos. O massacre atraiu a solidariedade de operários e trabalhadores, que aderiram ao movimento e iniciaram uma marcha em direção à praça do Parlamento — no início da noite, cerca de 200 mil pessoas já engrossavam as massas de estudantes e se recusavam a dispersar.

Com a chegada da polícia, o que era manifestação transformou-se em batalha campal.

Quando as tropas tentaram dispersar a multidão em frente ao prédio da rádio Budapeste, os manifestantes forçaram a invasão do prédio da rádio e teve início um tiroteio que causaria mortos e feridos.

Esse episódio da rádio Budapeste representou o ponto sem volta para o início da Revolução Húngara — e o que era só protesto virou levante popular.

Uma semana depois, foi implantado um governo multipartidário no país, que anunciou, em 1º de novembro, a retirada da Hungria do Pacto de Varsóvia. No mesmo dia, o Exército Vermelho invadiu o país e, no dia 4, chegaria a Budapeste, sufocando brutalmente a revolução.

Nas ruas de Budapeste e nos calabouços comandados pela KGB, milhares de pessoas seriam mortas. Até o dia 14, e esparsamente nos meses seguintes, os soviéticos ainda enfrentariam focos rebeldes.