1962 31 de janeiro

EUA conseguem tirar Cuba da OEA

Medida, com o apoio de 14 países, sela o isolamento da ilha revolucionária

A pedido dos Estados Unidos, Cuba é expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA). Dos 21 países do órgão, 14 votam a favor da expulsão, quórum mínimo para excluir a ilha caribenha. A decisão da OEA sela a completa e absoluta ruptura entre Cuba e Estados Unidos.

A decisão foi tomada em Punta del Este (Uruguai), ao término da 8ª Reunião de Consultas dos Ministros das Relações Exteriores das Américas, iniciadas dia 22 e convocadas por resolução do Conselho da OEA.

A expectativa era que sete países se abstivessem da votação, mas no último momento o Haiti resolveu acolher a posição norte-americana, completando os dois terços necessários à aprovação. No fim, apenas seis países — Brasil, Argentina, Chile, Equador, Bolívia e México — se abstiveram. Cuba também foi excluída da Junta Interamericana de Defesa, e o comércio de material bélico com a ilha caribenha foi suspenso.

Esse foi o desfecho dos desentendimentos que vinham se acumulando desde 1960, quando o governo revolucionário cubano expropriou empresas norte-americanas. Os EUA impuseram então embargos a Cuba, que foram se tornando cada vez mais duros à medida que a União Soviética assumia papel mais relevante na vida econômica da ilha. Moscou vinha sistematicamente compensando as restrições dos EUA às exportações de açúcar — item mais importante das exportações cubanas — e às importações de petróleo — do qual o país caribenho era totalmente dependente.

Pouco antes de sair do governo, em 3 de janeiro de 1961, o presidente Dwight Eisenhower oficializara o rompimento das relações diplomáticas com Cuba. Recém-empossado, John Kennedy, após o fiasco da tentativa de invasão da ilha pela baía dos Porcos, decretara o embargo financeiro, econômico e comercial, além de impor restrições para viagens a Cuba, emitir o Regulamento para o Controle dos Recursos Cubanos e garantir que os ativos da ilha nos Estados Unidos fossem congelados.

Em 16 de abril de 1961, a CIA, agência de inteligência norte-americana, bombardeou três aeroportos cubanos. Foi quando Fidel Castro proclamou o caráter socialista da revolução. Em discurso, afirmou que os EUA não perdoavam a ilha porque “esta é a revolução socialista e democrática dos humildes, com os humildes e para os humildes”.

Até o golpe militar de 1964, o Brasil se posicionaria contrário à ação, invocando seu compromisso com a autodeterminação dos povos e por entender que tais medidas afetavam sobretudo as condições básicas de vida da população cubana.

Só em 2009, após 47 anos, a OEA revogaria a expulsão.