1956 4 de dezembro

Arte concreta tem exposição no MAM-SP

Lygia Pape, Lygia Clark, irmãos Campos, Gullar e Pignatari são alguns dos artistas

O Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) recebe a Exposição Nacional de Arte Concreta, com o objetivo de dar expressão nacional às tendências concretistas que se manifestam nas artes visuais e na literatura mundiais desde o início do século 20.

A exposição se definia como o primeiro encontro nacional das artes de vanguarda concretistas no Brasil — as artes visuais e a poesia. Foi realizada por iniciativa do Grupo Ruptura (paulista) e do Grupo Frente (carioca), ambos com a mesma raiz construtivista: acreditavam no progresso industrial e na função que ele desempenha na organização da vida moderna de então. 

Divergiam, contudo, no entendimento da relação entre a arte e a vida. O Ruptura acreditava que o mundo industrial e o desenvolvimento cultural e democrático andavam juntos, e por isso utilizava elementos desse mundo em sua arte. Ao grupo Frente, que enfatizava a intuição, preocupava o fato de o corpo humano ser abandonado pelo mundo industrial — e por essa razão o inseria em suas obras.

O evento expôs pinturas, desenhos, esculturas, gravuras e textos poéticos com dimensão gráfica. Entre os expositores, figuravam os pintores Geraldo de Barros, Aluísio Carvão, Lygia Clark, Valdemar Cordeiro, João José da Silva Costa, Hermelindo Fiaminghi, Judith Lauand, Maurício Nogueira Lima, Rubem Ludolf, César e Hélio Oiticica, Luiz Sacilotto, Décio Vieira, Alfredo Volpi e Alexandre Wollner.

Também foram expostos desenhos de Lothar Charoux, gravuras de Lygia Pape e esculturas de Kazmer Féjer e Franz Weissmann. Entre os poetas, havia obras de Haroldo e Augusto de Campos, Ferreira Gullar, Décio Pignatari, Ronaldo Azeredo e Wlademir Dias-Pino.

Dois meses depois, a exposição iria para o prédio do Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro.