1989 9 de novembro

Alemães derrubam o Muro e unificam país

Fim do maior símbolo da Guerra Fria prenuncia a derrocada do socialismo

Na noite de 9 de novembro uma multidão começa a pôr abaixo o muro que durante 28 anos dividiu a cidade de Berlim. Ele havia sido levantado em decorrência da Guerra Fria, que também segmentou o mundo em dois blocos: o capitalista, liderado pelos EUA, e o socialista, dirigido pela antiga União Soviética (URSS). O Muro de Berlim era o maior símbolo da polarização geopolítica que resultou da Segunda Guerra Mundial.

O que restara da Alemanha nazista fora dividido em quatro áreas de ocupação a cargo da URSS, Estados Unidos, França e Reino Unido. Essa divisão levou ao surgimento de dois países: a República Federal Alemã (RFA), ou ocidental, vinculada ao mundo capitalista, e a República Democrática Alemã (RDA), ou oriental, ligada ao bloco soviético. Berlim, embora encravada na zona de ocupação soviética, foi igualmente dividida em quatro áreas, gerando conflitos entre as potências na medida em que a Guerra Fria se acirrava. Em 1948, a URSS e o governo oriental chegaram a bloquear temporariamente toda Berlim. 

O grande fluxo migratório de alemães orientais para a banda ocidental, a partir dos anos 1950, começou a ser reprimido pela RDA.  Para conter a saída, o governo socialista projetou o muro em segredo. Sua construção foi iniciada em 13 de agosto de 1961, ao mesmo tempo em que as fronteiras entre os dois países eram militarmente ocupadas. O gradeamento metálico inicial deu origem a um muro de 66 quilômetros de extensão, com 302 torres de observação, 127 redes eletrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para cães ferozes. A polícia da RDA tinha ordem de atirar em quem tentasse atravessá-lo fora dos postos de controle.

Com o enfraquecimento da URSS nos anos 1980, a Guerra Fria atenuou-se. Antes da derrubada do muro já vinham ocorrendo manifestações na Alemanha Oriental reivindicando, entre outras coisas, liberdade para viajar.

O fato determinante da queda que surpreendeu o mundo foi um descontrole da informação dentro do governo da RDA, que no dia 9 anunciou a decisão de abolir as restrições de viagens ao Ocidente. A medida passaria a vigorar no dia seguinte, quando todas as agências governamentais tivessem sido avisadas, mas a notícia repercutiu imediatamente em rádios e televisões da Alemanha Ocidental.

Milhares de alemães do lado capitalista correram para os postos fronteiriços, exigindo a abertura das guaritas. Desorientada e vendo a multidão crescer, a polícia acabou permitindo que a fronteira se rompesse no posto de Bornholmer Strasse, às 23h.

Assistindo ao que se passava pela televisão, outras pessoas, dos dois lados, marcharam para o muro e começaram a detoná-lo em vários pontos. Os orientais eram recebidos com festa no lado ocidental.  No dia seguinte, mais pessoas queriam atravessá-lo. O governo socialista decretou sua abertura, dando início à reunificação da Alemanha, que aconteceu oficialmente em outubro de 1990. O muro foi completamente derrubado.