1996 23 de junho

Mistério cerca a morte de PC Farias

Pivô da crise do impeachment aparece morto a tiros ao lado da namorada

Paulo César Farias, o PC Farias, personagem central do escândalo que levou ao impeachment do presidente Fernando Collor em 1992, é encontrado morto ao lado da namorada, Suzana Marcolino, em sua casa de praia próxima a Maceió. Ambos morreram com tiros no peito.

O legista da Unicamp Fortunato Badan Palhares, chamado a colaborar com as investigações, atestou que Suzana Marcolino matou PC Farias e suicidou-se em seguida, qualificando o crime como passional. Entretanto, o legista alagoano George Sanguinetti e o perito criminal Ricardo Molina afirmaram que ambos foram assassinados e sugeriram a hipótese de queima de arquivo.

O promotor Luís Vasconcelos não aceitou a versão oficial, pediu mais investigações e levantou a suspeita da presença de uma terceira pessoa na cena do crime. Posteriormente, o promotor denunciou à Justiça quatro ex-seguranças de PC — Adeildo dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar dos Santos e José Geraldo da Silva. A defesa recorreu até o Supremo Tribunal Federal para tentar evitar o júri popular, que acabou inocentando os réus em 2013.

Paulo César Farias fora condenado a quatro anos de prisão por sonegação fiscal e a sete por falsidade ideológica em decorrência do esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro de que tinha sido acusado. Fugiu do Brasil, mas foi recapturado na Tailândia em novembro de 1993. Cumpriu um terço da pena e seis meses antes de morrer havia recebido liberdade condicional.