2000 Março

Começa o declínio do malufismo

Gestão de Celso Pitta na Prefeitura de São Paulo é marcada pela corrupção

O prefeito de São Paulo, Celso Pitta, é acusado por sua ex-mulher de envolvimento em um esquema de superfaturamento de obras e manipulação de pagamentos de precatórios. As denúncias abalam a popularidade de seu padrinho político, o ex-governador Paulo Maluf, e do malufismo, corrente política baseada em práticas eleitorais clientelistas e fisiológicas.

Nicéia Pitta revelou a existência do esquema de desvio de verbas e corrupção que envolvia vereadores, secretários e subsecretários. Condenado e afastado do cargo pela Justiça, Pitta chegou a ser substituído pelo vice, Regis de Oliveira, mas recuperou o mandato 18 dias depois por recurso. Trocou o PPB pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN) numa manobra para preservar o malufismo.

Ex-secretário de Maluf, Pitta havia sido eleito prefeito em 1996, ao derrotar Luiza Erundina, então no PT. Foi o segundo negro a ocupar a Prefeitura da maior cidade brasileira — o primeiro foi o jurista Paulo Lauro (1947-1948).

Ao terminar o mandato, em 2000, o ex-prefeito era réu em 13 ações civis públicas por corrupção e desmandos administrativos, com danos ao erário estimados em R$ 3,3 bilhões. Em sua gestão, a dívida da Prefeitura passou de R$ 8,6 bilhões para R$ 18 bilhões. Reprovado por 83% dos paulistanos, ele não concorreu à reeleição no pleito de 2000. Tentaria em vão eleger-se deputado federal em 2002 e 2006.

Nesse ano, o Ministério Público entrou com ação na Justiça pedindo a devolução de R$ 11,8 milhões, que teriam sido desviados dos cofres públicos. Em 2008, Pitta foi condenado a quatro anos de prisão. Em 2009, foi preso pela Polícia Federal na Operação Satiagraha, mas liberado dois dias depois por liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-prefeito morreu em 2009, aos 63 anos, em consequência de um câncer no intestino.

Depois da passagem de Pitta pela Prefeitura de São Paulo, o malufismo entrou em declínio. Na eleição de 2000, Maluf foi derrotado por Marta Suplicy.  O político continuou na vida pública como deputado, mas nunca mais conquistou cargos executivos.