Bronca Social Reggae

O reggae surgiu na Jamaica, no final da década de 1960, mas já nos primeiros anos de 1980 estava fortemente difundido no Brasil. Isso aconteceu, em grande parte, devido à sua forte conexão com as origens africanas, que também começavam a ser valorizadas no Brasil. Ao mesmo tempo em que desperta os afrodescendentes para suas raízes, denuncia a marginalização, a negação de direitos e o cotidiano de violência e pobreza a que estão sujeitas as comunidades negras. É simultaneamente um canto de protesto e esperança.

Bronca Social / Reggae A Pegada

No Brasil, o reggae floresceu principalmente em São Luís (MA) e Salvador (BA), cidades em que a cultura afro já era muito forte. Conhecida como a capital nacional do reggae, São Luís passou a cultuar o gênero em festas conhecidas como “radiolas”, onde a comunidade se reunia para dançar as canções jamaicanas. Já em Salvador, duas figuras se tornaram centrais na difusão do reggae: Gilberto Gil e Edson Gomes. Ambos fizeram do gênero uma forma de protesto contra a marginalização dos negros e pobres e um instrumento de resgate de seus laços com a África.

Rompendo com as barreiras nacionais, o reggae finca suas raízes na cultura de nossos ancestrais africanos e na musicalidade do povo jamaicano, criando uma comunidade fundada mais na identidade étnica que nos valores locais. Propondo-se a resgatar e valorizar a africanidade, suas letras frequentemente se referem a ícones como Hailé Selassié, Bob Marley e Nelson Mandela.

O reggae é também muito associado ao movimento religioso rastafári, que influenciou muitos criadores do gênero nos anos 1970 e 1980.

Bronca Social / Reggae O Som

Na Jamaica, o reggae surgiu como evolução de dois ritmos já existentes, o ska e o rock steady (rock constant), destacando-se o acento na segunda e na quarta batida.  Disso resultou um gênero mais lento que o ska e mais rápido que o rock steady. Ao ser incorporado por outras culturas musicais, ganhou novas influências rítmicas.

Em 1963, Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Wailer fundaram a banda The Wailers, que seria o grupo de reggae mais conhecido mundialmente.  Outros pioneiros foram Prince Buster, Desmond Dekker e Jackie Mittoo, mas Marley, principalmente depois de sua morte, em 1981, tornou-se o mito maior da cultura reggae.

Nos anos 1980, Gilberto Gil foi o difusor pioneiro do reggae no Brasil, tendo até feito uma turnê com Jimmy Cliff. O gênero perdeu força com a morte de Bob Marley, mas retornou vigoroso nos anos 1990, quando surgiram batalhadores como Edson Gomes, na Bahia, grupos como Cidade Negra, no Rio, Tribo de Jah, no Maranhão, e Skank, em Minas

Ao cantar os problemas da África e denunciar o apartheid, os regueiros identificam as mesmas mazelas no Brasil. As realidades de Soweto e de Johanesburgo não diferem das que existem nas favelas e periferias brasileiras. Extrapolando a questão racial, o reggae aborda os problemas que afetam não só os negros, mas todas as camadas mais pobres da população. Suas letras falam de desemprego, baixos salários, violência policial e falta de acesso a serviços públicos como a educação e a saúde.