Em 2002, o Brasil elegeu pela primeira vez um operário para a Presidência da República. No primeiro turno, 95 milhões de eleitores foram às urnas, ou seja, 52% da população. Cerca de 70 anos antes, em 1930, haviam votado para presidente apenas 1 milhão 900 mil eleitores – 5% da população da época.
A espetacular diferença nos números mostra como nosso povo, ao longo do século 20, compreendeu que o exercício da democracia era vital para fazer valer seus direitos. Recusando-se a ser mero ator coadjuvante no clube fechado das oligarquias, lançou-se à construção no Brasil de uma democracia de massas.
Derrotou ditaduras, enfrentou a repressão, venceu crises e superou preconceitos. Não se abateu com derrotas e erros. No voto e na rua, nas fábricas e nos bairros, nas cidades e nos campos, aprendeu a identificar seus interesses e a abrir seus caminhos.
Voto das mulheres, direito de greve, organização sindical, liberdade de expressão, de organização e manifestação, luta pela reforma agrária, voto dos analfabetos, direito à moradia, direito à saúde e ao ensino público gratuito, liberdade de organização partidária, combate ao racismo, defesa do meio ambiente, igualdade entre homens e mulheres, respeito às minorias – nada disso caiu do céu. Tudo teve de ser conquistado com muita luta e sacrifício. Demandou experiência e aprendizado.
Graças a esse amadurecimento, no início do século 21, o povo brasileiro fez o que antes parecia impossível: decidiu no voto que tinha chegado a hora do governo olhar pelos mais pobres e mais desprotegidos. O Brasil não podia mais continuar a ser governado apenas para um terço da população. Tinha de ser uma terra de oportunidades para todos.
O povo apostou alto e saiu vitorioso.
Foram anos de extraordinárias mudanças. O país viveu o maior processo de inclusão social da sua história: forte redução do desemprego; constante aumento dos salários; implantação de programas como o Bolsa Família e o Luz para Todos; fortalecimento da agricultura familiar e da economia solidária; multiplicação do número de estudantes negros, índios e pobres graças ao sistema de cotas; criação de novas universidades e escolas técnicas em todo o país; fortes investimentos na saúde pública; políticas de proteção às minorias; e lançamento de um gigantesco programa de habitação popular.
Foram anos de redução das desigualdades regionais. O Nordeste e o Norte passaram a crescer a um ritmo ainda mais forte do que o resto do país. A transposição das aguas do Rio São Francisco, obra sonhada há mais de um século, saiu do papel e começou a virar realidade.
Foram anos de fortes investimento em infraestrutura, da construção de grandes hidrelétricas e ferrovias, de recuperação e modernização de rodovias, de valorização do mercado interno e das políticas de conteúdo nacional. Foram anos de fortalecimento da Petrobras e da descoberta do pré-sal – as maiores jazidas de óleo e gás encontradas neste século em todo o planeta.
Foram anos de afirmação do Brasil em todo o mundo. Nunca nosso país foi tão respeitado, afirmou-se com tanto peso nos organismos internacionais, teve presença tão marcante na América Latina e na África, expandiu de modo tão espetacular suas relações comerciais em todo o planeta.
Tudo isso só foi possível porque o povo engajou-se ativamente nas mudanças em curso. Votou, cobrou, apoiou, debateu, se mobilizou, se organizou, formulou políticas, participou das conferências setoriais. Em todas essas disputas, derrotou a cantilena secular das elites de que o povo não cabia no Brasil e de que era um estorvo para seu crescimento.
O pais aprendeu que só é grande quando seu povo tem vez e tem voz.
Mais democracia, mais oportunidades.
Brasil mais forte e com mais futuro.