Nem o mais sábio dos sábios, nem os búzios ou as cartomantes, nem os profetas ou os orixás poderiam nos adiantar, em 1985, na posse do primeiro presidente civil após 21 de ditadura militar, como seria o caminho para reimplantar a democracia no Brasil. Ela seria apenas uma forma de governo ou uma forma de sociedade que faz da igualdade de condições seu grande motor de transformação?
O povo deu a resposta.
Ele impulsionou a elaboração de uma Constituição democrática e moderna. Viveu e venceu o pesadelo da hiperinflação. Elegeu presidentes, mas exigiu nas ruas o impeachment de um presidente que, na avaliação do Congresso, cometeu crimes no exercício do cargo
Foram anos de intensa participação política em que as agressões aos mais humildes, inclusive com massacres, não foram capazes de calar os que lutavam por um Brasil melhor. A voz dos guetos denunciou o paradoxo de um país onde a democracia convivia com a injustiça social e com a repressão permanente contra os mais pobres. Era preciso reduzir os poderes do mercado e abrir oportunidades para todos.
O país experimentou a ampliação democrática da República: inclusão social, igualdade de condições, expansão dos direitos. O Brasil abriu-se para o século 21 com uma grande certeza: a consolidação da democracia é nosso maior legado para as próximas gerações de brasileiros.